A Análise dos Potenciais Impactos da Mudança do Clima é o primeiro passo para que uma organização possa desenvolver estratégias de adaptação aos impactos das mudanças climáticas. Este fenômeno crítico tem demonstrado cada vez mais seus efeitos desde o começo deste século.
A maioria dos investimentos realizados em atividades florestais podem ser afetados diretamente ou indiretamente pelos efeitos das mudanças do clima. Porém, o atual desenvolvimento genético das espécies florestais comercialmente plantadas no Brasil permite a escolha de espécies que podem se adaptar melhor ou ser mais atrativas de acordo com cenários ou efeitos específicos.
A partir do diagnóstico destes cenários é possível analisar os impactos e posteriormente estabelecer estratégias e planos para a mitigação da mudança do clima, na busca por soluções neste desafio para a sustentabilidade global.
Dentro deste contexto, foi estabelecido em 1988 o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), seu objetivo principal é disseminar o mais avançado conhecimento em mudanças climáticas que afetam o planeta, mais especificamente o aquecimento global (indicando causas, efeitos e riscos para a humanidade e meio ambiente, e também sugerir alternativas para combater o problema). Desde a sua fundação o IPCC produziu cinco importantes relatórios e alguns outros documentos relevantes, o primeira (AR1) foi publicado em 1990 e o último (AR5) em 2014.
É importante notar que, apesar de não ser a última versão disponível, o AR4 é a fonte de informação mais realista no contexto do estudo das consequências da mudança do clima, devido a sua conformidade com o relatório desenvolvido pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC): Base Científica das Mudanças Climáticas, que é o estudo mais específico sobre mudanças do clima desenvolvido para as características brasileiras. Desta forma, o AR5 é a versão mais atualizada do relatório, entretanto AR4 é o mais aplicável para a análise pois foi usado como fonte de informação para o documento desenvolvido pelo PBMC.
Existem vários fatores que são influenciados pela mudança do clima, e para o contexto do plantio de eucalipto podem ser listados dois principais: a temperatura e a precipitação. De acordo com as projeções apresentadas pelo relatório do PBMC, até o ano de 2100 mudanças de 800mm de precipitação e 5oºC na temperatura podem ocorrer nas áreas de plantio do território brasileiro, com as suas devidas variações de acordo com especificidades regionais (clima, relevo etc). Porém, a temperatura é um importante parâmetro a ser considerado na mudança do clima, apesar de que seus efeitos não são representativos quando analisam-se as plantações de eucalipto, especialmente em projeções de curto prazo. Esta declaração se mostra verdadeira ao passo que, a viabilidade de plantio das espécies não é alterada pela variação na temperatura (considerando o ano de 2100). Por outro lado, a precipitação é um ponto importante a ser considerado, visto que a faixa de tolerância das espécies é afetada pela variação no regime pluviométrica. Isto pode ser comprovado pela perda de viabilidade de certas espécies de eucalipto por causa da diminuição do regime de chuvas.
Desta forma, as mudanças do clima exercem um papel importante na tomada de decisão das grandes empresas e stakeholders da área de interesse do eucalipto. A temperatura não se mostra um fator tão limitante quanto a precipitação e suas alterações. Existem certas espécies que podem ser classificadas como não apropriadas para plantação no cenário atual, assim como outras espécies não adequadas em projeções de médio ou longo prazo, devido ao déficit hídrico. Como resultado, é correto afirmar que a precipitação é a força mais representativa ao analisar mudanças climáticas.
O problema existe e só tende a agravar a situação de plantio das espécies, por isso é importante o estabelecimento de estratégias de mitigação de emissões de gases de efeito estufa. Afinal, sairá mais barato prevenir do que remediar, até porque os efeitos são listados em previsões, que com o passar do tempo e acúmulo de emissões de GEE, tendem a se mostrar cada vez mais catastróficos.