Nosso sócio-diretor Marcelo Schmid participou de uma entrevista para o jornal Valor Econômico, discutindo e explicando previsões para o mercado florestal de 2020. Confira a matéria completa abaixo!
Investimentos no setor florestal brasileiro se tornam mais atrativos para fundos
A queda da taxa básica de juros (Selic), para 45% ao ano neste momento, deve levar mais investidores brasileiros a olhar para o negócio de florestas plantadas como alternativa de investimento de baixo risco e longo prazo, na avaliação da Forest2Market do Brasil, que acaba de publicar suas previsões para o setor florestal em 2020. Conforme a consultoria americana, para a indústria brasileira, o ano também deve ser marcado por novos aumentos no preço da madeira, maior disputa pelo pinus disponível no mercado, avanço da participação da biomassa na matriz energética e pouca ou nenhuma surpresa no que diz respeito a novos projetos de celulose no país.
“Estamos monitorando o surto de coronavírus, que poderá ter algum impacto para o setor, embora a conexão com a demanda (de produtos florestais) seja indireta. Mas isso não altera as previsões neste momento”, disse ao Valor Marcelo Schmid, sócio-diretor do Grupo Index e da Forest2Market do Brasil. Por outro lado, os incêndios florestais na Austrália certamente terão algum impacto no preço de cavacos de madeira, observa o especialista.
Conforme Schmid, embora a compra de terras brasileiras por estrangeira ainda esbarre na lei, as mudanças econômicas recentes no Brasil tornam o investimento em florestas atraente também para o capital nacional. “Diante de uma baixa taxa de juros, o investimento em florestas plantadas é capaz de remunerar o capital acima da renda fixa“, escreveu Schmid, em artigo recente. Ao mesmo tempo, CDB, Letra de Crédito Agrícola (LCA) e Letra de Crédito Imobiliário (LCI) perderam atratividade.
O crescente interesse em energia renovável e a necessidade do Brasil de gerar mais energia também representam uma oportunidade para a indústria florestal, sobretudo com a possibilidade de participação dessas novas fontes – biomassa, nesse caso – nos leilões de contratação. Conforme a consultoria, dos 1.528 projetos cadastrados no leilão A-4/2020.21 são de termelétricas a biomassa, totalizando uma oferta de 1.145 MW. “Se 20% desta oferta vier da biomassa florestal, estamos falando em um consumo adicional aproximado de 1,5 milhão de metros cúbicos de madeira“, estimou.
Conforme Schmid, a retomada da construção civil, que projeta crescimento de 3% neste ano no país, deve reativar os negócios das empresas de base florestal que fornecem insumos para essa indústria. A expectativa positiva para a construção nos Estados Unidos, que em dezembro registrou forte aumento no número de novas residências, também beneficia o setor.
A Forest2Market do Brasil, porém, não espera novidades em ao menos duas frentes: liberação da compra de terras por estrangeiros no país e novos projetos de celulose em solo nacional. No primeiro caso, afirma Schmid, embora exista vontade, no Congresso, de trabalhar o tema, os incêndios ocorridos na Amazônia no ano passado suscitaram questionamentos vistos como “oportunistas” quanto à capacidade do país de zelar por seus recursos ambientais. Nesse ambiente, a previsão é a de que mesmo diante de uma potencial aprovação do Senado, o peso das críticas internacionais pode dificultar a sanção presidencial já em 2020.
Em relação a novos projetos industriais, a consultoria indica que o movimento da Suzano de comprar ativos florestais e a licença para instalação de uma nova fábrica em Mato Grosso do Sul, ainda sem data para sair do papel, dificulta os planos de outros produtores e investidores, que estavam prospectando ativos na mesma região. “A arrojada atitude da Suzano foi um balde de água gelada na pretensão de seus concorrentes, pois, entre todos os potenciais projetos de fábricas de celulose, a nova fábrica a ser instalada em Ribas do Rio Pardo terá o menor custo médio de matéria-prima, segundo os dados de monitoramento de preços de mercado da Forest2Market do Brasil“, diz o artigo. Diante disso e do foco da Suzano em reduzir a alavancagem financeira, é improvável que um novo projeto seja anunciado para o Brasil em 2020.
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