O Limnoperna fortunei, conhecido como Mexilhão-Dourado, é um molusco invasor originário do sudeste asiático, e devido à sua grande capacidade de reprodução e dispersão, é motivo de grande preocupação para qualquer indústria que utilize água em seu processo. Quando invade reservatórios e corpos hídricos, o molusco pode causar diversos prejuízos ambientais e econômicos com seu crescimento descontrolado. Hidrelétricas, estações de tratamento de água e mais recentemente as plantas de papel e celulose vem sendo os setores mais prejudicados pelo organismo.
Impacto das espécies invasoras
Além do mexilhão-dourado, outros organismos invasores causam severos impactos em diversos setores. De acordo com Otto Samuel Mäder Netto, engenheiro mestre em engenharia de materiais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), existe um conjunto de fatores ecológicos que influenciam a proliferação de espécies invasoras, entre eles a ausência de inimigos naturais e predadores, possíveis associações entre invasores e espécies nativas e habitats perturbados que tornam ecossistemas favoráveis. No meio ambiente, o efeito dessas espécies pode levar a redução e/ou extinção local de espécies nativas, sendo reconhecido como a segunda maior causa do declínio da biodiversidade, ficando atrás apenas da destruição de habitats naturais.
As espécies invasoras não somente impactam negativamente os ecossistemas, mas também sistemas industriais e produtivos. Nos Estados Unidos, o mexilhão-zebra (Dreissena polymorpha) causa danos econômicos que podem chegar a até 120 bilhões de dólares por ano, sendo cerca de 1 bilhão apenas para monitorá-los e controlá-los.
Otto destaca que, no Brasil e no restante do mundo, o setor elétrico é o mais afetado pelos invasores, podendo causar um prejuízo de até 40 mil reais por dia de máquina parada em usinas hidrelétricas com problemas de incrustação, sem considerar o valor de mão de obra e materiais necessários para controlar a situação.
“Embora o setor elétrico seja o maior impactado com o problema, ele não é o único. Qualquer instalação que, de forma direta ou indireta, capte água de bacias contaminadas por estes organismos, vai apresentar problemas com bioincrustações causadas por estas espécies.” (Otto Mäder, 2011).
Órgãos ambientais de vários estados passaram a cobrar monitoramentos de ocorrência e densidade do mexilhão-dourado nos licenciamentos, e em breve será obrigatório no Brasil inteiro através da publicação do plano nacional de combate ao mexilhão-dourado.