Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as exportações brasileiras alcançaram US$ 339,67 bilhões em 2023, superando em 1,7% os números de 2022.
Não há dúvida de que o Brasil é um grande player no mercado internacional de commodities, mas será que há meios de aumentar ainda mais nossa participação?
O principal destino dos produtos brasileiros em 2023 foi a China, com exportações alcançando US$ 105,75 bilhões, ou seja, 31% da receita de nossas exportações. Foi a primeira vez na história do comércio exterior brasileiro que as exportações para um único parceiro comercial (a China, no caso) ultrapassaram a casa dos US$ 100 bilhões.
O setor de base florestal brasileiro é fortemente sustentado por esse país: além de petróleo, minério e soja, principais produtos comprados pela China, o país é responsável pela compra de metade da celulose brasileira (8,9 milhões de toneladas em 2023).
Embora a China seja o principal parceiro comercial do Brasil, nosso país tem uma característica geográfica que interfere diretamente no custo do frete marítimo e em nossa capacidade de exportação: estamos voltados para o oceano errado. Ou seja, as exportações marítimas para a China demandam tomar um “caminho mais longo”. Esse caminho pode ser no sentido leste, contornando o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, ou alternativas ainda mais longas, contornando a América pelo Sul, via Uruguai, ou pelo Norte, via Canal do Panamá.
Porém, uma nova (e gigante) obra portuária chinesa, em construção desde 2011, na cidade de Chancay, no Peru, pode impulsionar as exportações brasileiras para a Ásia, por meio de uma rota marítima muito menor (e mais barata). Com o novo porto, uma carga brasileira poderá chegar à China a partir do Peru em 10 dias, em vez dos atuais 45!
O Brasil possui uma conexão rodoviária com o Peru, por meio da Rodovia Interoceânica Sul, que pode conectar ao novo porto tanto os estados da região Norte e Centro-Oeste (que hoje exportam por Manaus), quanto a região Sudeste, pela BR-364, que liga o estado de São Paulo ao Acre.
Com inauguração prevista para o final de 2024 e fruto de um investimento de 3,5 bilhões de dólares, o porto deve consolidar o papel do Peru como principal hub da América Latina tanto para a entrada de insumos de origem chinesa, que hoje chegam ao Brasil e alimentam diversos mercados, com destaque para a Zona Franca de Manaus, quanto para as exportações de produtos do agronegócio brasileiro, entre eles, a celulose.
A redução da logística marítima da celulose poderá refletir em toda a cadeia produtiva. Assim, existe potencial de longo prazo para viabilizar novos clusters de produção florestal nas regiões Centro-Oeste e Norte, em estados atualmente excluídos do mercado.