Ao longo das últimas duas semanas o Grupo Index tem mantido contato frequente com muitos de seus clientes, representantes dos principais players da indústria de base florestal brasileira. Naturalmente a conversa tem se direcionado ao grande problema vivido pela sociedade mundial global na atualidade: a pandemia do vírus COVID-19.
Nestas conversas os diretores do grupo puderam captar a percepção de diferentes tomadores de decisão quanto aos impactos causados pelo coronavírus aos seus negócios e segmentos de atuação dentro da cadeia produtiva florestal, conforme apresentado a seguir.
O Brasil é o principal produtor mundial de celulose e este segmento é, sem dúvidas, aquele mais importante para a cadeia de base florestal brasileira, movimentando grande parte das ações do setor. O segmento de celulose teve uma queda acentuada em 2019, causado por diversas razões, e essa queda levou à formação de um alto estoque de celulose nos principais produtores brasileiros.
Segundo os clientes do Grupo Index, a pandemia de coronavírus tem feito com que o consumo global de papel para higiene (tissue) aumente em todo mundo, o que tem ajudado a reduzir os estoques do produto e regularizar a produção. Mesmo embora esse aumento no consumo seja pontual, a perspectiva é de que, passada a pandemia, a população em geral voltará ao nível de consumo regular ou manterá um nível de consumo maior, por ter mudado os padrões de seus hábitos de saúde e higiene.
A situação dos produtores de madeira serrada é variada e depende prioritariamente do mercado final da madeira. Algumas empresas reportaram redução em turnos de trabalho e demissões por conta da redução da demanda, porém, outras destacaram que as operações não sofreram impacto significativo. Percebe-se também que em certa parte os impactos em operações de indústrias de base florestal não foram ocasionados por problemas de mercado de fato, mas por medidas equivocadas de restrição à circulação e funcionamento de empreendimentos, tomadas pelos governos municipais e estaduais de diferentes regiões. Diante disso, muito dos clientes consultados previram que a atividade de abril será normal.
De forma geral, os produtos voltados ao mercado externo, como molduras e componentes estão sendo menos afetados que produtos voltados ao mercado doméstico e setor de consumo varejista.
Falando em mercado interno, certamente o segmento da indústria de base florestal que está sofrendo mais impacto é o de embalagens e não é muito difícil de entender a razão. O segmento de embalagens está intimamente ligado ao consumo de diferentes indústrias, como o alimentício, calçadista, eletrodoméstico, entre outros. Uma vez que o consumo de tais bens foi severamente afetado nas últimas semanas devido à redução da circulação das pessoas (e consequentemente do comércio), a demanda por embalagens que acompanham tais produtos também foi drasticamente reduzida.
O segmento de construção civil, outro grande demandante de produtos de base florestal, parece não ter sido afetado por enquanto. Porém, com a provável redução geral na produção de insumos de construção, aliada a medidas restritivas quanto à aglomeração de pessoas em ambientes de trabalho, existe prognóstico de redução de atividades no mês de Abril. Esse problema deverá afetar algumas cadeias específicas do setor florestal, com por exemplo, compensados de madeira.