A atividade madeireira, frequentemente apontada como driver do desmatamento da floresta amazônica, pode, na verdade, contribuir com a sua conservação. Antes de combater o inimigo, é preciso saber quem ele é.
Segundo relatório da organização não-governamental Rainforest Foundation Norway divulgado nesta semana, a atual causa do desmatamento das florestas tropicais mundiais é a produção e comércio internacional de commodities, como soja, óleo de palma e carne, além da produção de madeira e mineração. De acordo com a instituição, apenas 36% da área de floresta original permanece intacta, 34%, desapareceu completamente e 30% estão em várias formas de degradação.
Qual é o papel de nosso país neste cenário? Talvez o mais importante, pois 42% da floresta intacta do mundo está no Brasil, segundo o relatório que destaca a preocupação mundial com as taxas de desmatamento do país e, novamente, vincula o problema, em parte, à produção de madeira.
O desmatamento e degradação da floresta amazônica brasileira tem várias causas, que merecem análise específica. Porém, a produção madeireira, ao contrário do que afirma o relatório, não é uma delas.
Primeiramente, destaca-se o fato de que, segundo dados do Serviço Florestal Brasileiro, apenas 13% da produção de madeira em toras no Brasil vem da floresta nativa. O restante da produção florestal vem de florestas plantadas, as quais reduzem a pressão pelo uso das florestas nativas.
Segundo, a produção florestal lícita e em bases sustentáveis é benéfica à manutenção da floresta amazônica e seus atributos. Ao contrário do senso comum, a exploração da madeira, por meio de plano de manejo e técnicas de redução de impacto, é uma alternativa de renda sustentável, promove o desenvolvimento social e manutenção do estoque de carbono, consequentemente, dando valor à floresta nativa e garantindo a sua manutenção em longo prazo.