No final de 2022, tendo o apoio da equipe técnica da Arvor, empresa de Estudos de Mercado do Grupo Index, escrevi um artigo sobre as 10 previsões para o setor de base florestal em 2023. Estamos em julho de 2023, já se passaram, portanto, 6 meses desse novo ano, com isso, chegou o momento de conferir como estão essas nossas previsões. Abaixo você pode conferir as previsões feitas no final de 2022 e as novas análises sobre o que acertamos e o que não acertamos tão bem assim.
Considerando as movimentações observadas no mercado ao longo de 2022, Marcelo Schmid, sócio diretor do Grupo Index, apoiado pela equipe de especialistas em mercado da Arvor Business Advisory apresenta aqui as suas previsões para a economia de base florestal em 2023:
1. O que muda no ambiente de negócios no Brasil e no mundo?
O ano de 2022 marcou o recomeço da vida pós-pandemia. Podemos afirmar que hoje vivemos uma realidade parecida com a vida antes da COVID-19, porém, observamos algumas alterações significativas no mundo dos negócios no Brasil e no mundo.
Entre todas elas, certamente a mais significativa é a tecnologia. Se antes da pandemia, vivíamos a era digital e sonhávamos com o uso de moedas digitais, mercados descentralizados, robôs, drones e algoritmos fazendo parte do serviço humano, agora, chegamos definitivamente na “nova era digital“, a qual nos obriga a rever modelos de negócios que não utilizam alguma dessas soluções tecnológicas.
Será que a tecnologia poderá mudar até mesmo as etapas mais tradicionais da cadeia produtiva florestal, como por exemplo a comercialização da madeira e ativos florestais? O Grupo Index não tem a menor dúvida disso, pois vamos promover essa mudança, ainda em 2023.
Alguém tem alguma dúvida sobre o tamanho e força da onda da nova era digital? O Grupo Index não! Conforme previmos (e estamos trabalhando fortemente para isso), já estamos apresentando às principais empresas do setor florestal o futuro deste mercado!
2. E a economia?
A atividade econômica está aquecida, destaca a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em termos numéricos, o PIB nacional deverá crescer entre 2,5 e 2,7% em 2022. Embora o crescimento seja inferior a 2021, será esse o segundo ano de crescimento consecutivo após o encolhimento da economia causada pela pandemia, em 2020. O desemprego, outro importante indicador da atividade econômica, atingiu o menor nível histórico, desde 2015.
Porém, em 2023 espera-se um crescimento menor que 1%, seguindo o ritmo de desaceleração da economia global, que deverá afetar todos os países da América Latina. Dentro desse cenário espera-se um crescimento maior do setor agropecuário, quando comparado a 2022, enquanto que o setor florestal deverá permanecer aquecido, puxado principalmente pelo seu principal driver, como veremos a seguir.
As perspectivas econômicas continuam incertas, entre boas e más notícias, tendo como pano de fundo o primeiro semestre do novo Governo Federal. Porém, nos últimos dias, alguns fatos trouxeram perspectivas positivas para o desempenho da economia no restante de 2023.
O Brasil foi o 4º país que mais cresceu no 1º trimestre de 2023, em relação ao 4º trimestre de 2022. O PIB (Produto Interno Bruto) registrou alta de 1,9% no período, fazendo com que as previsões econômicas para o restante do ano sejam revistas. A nova previsão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é de um crescimento do PIB de 2,2% para 2023. Já a inflação, segundo o mesmo instituto, deve ser menor: a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,6% para 5,1%.
3. E o filho mais bonito do setor florestal em 2023, qual será?
Desde a recuperação observada ao longo do ano de 2020, o segmento de celulose continua sendo o filho mais bonito do setor de base florestal brasileiro, principal responsável pelo bom desempenho geral e, em 2023, não será diferente.
A produção recorde de 2021 (22,5 milhões de toneladas) será certamente superada em 2022, considerando o aumento na capacidade de produção de importantes players de mercado. Para 2023, existe uma especulação de queda de cerca de 15% no preço médio da celulose no mercado global, porém, entendemos que essa queda pode ser muito mais um ajuste de preços, uma vez que grandes players do setor de papel na Ásia estão operando com margem negativa.
Vale ressaltar que a demanda global por celulose continua a aumentar cerca de 100 mil toneladas por mês e que diversas empresas de celulose da Europa estão com problemas para manter a produção. Oportunidade para o Brasil: não é à toa que hoje temos grandes projetos ou ampliações de indústrias de celulose e papel em implantação (Suzano, CMPC, Arauco e Klabin).
O preço da madeira final de processo, que abastece as indústrias de celulose, irá continuar subindo em curto e médio prazo, à medida em que a oferta de madeira permanece estagnada em todo o país e a demanda crescente.
A indústria de celulose brasileira vive no divã, buscando se entender entre situações opostas. Por um lado, o preço internacional da commodity caiu ao longo do semestre, chegando ao valor de US$ 450 por tonelada, no mercado chinês, e voltando a subir no mês de Junho, levando importantes players a reduzir perspectivas de produção.
Por outro lado, a demanda global continua crescendo acima de 1 milhão de toneladas por ano, justificando projetos de expansão em diferentes estágio no Brasil, tanto já em implantação, como a Suzano e Arauco em Mato Grosso do Sul, quanto em alto grau de especulação, como o anúncio feito pela Paper Excellence de investir R$ 20 bilhões em uma nova fábrica no país.
4. Embalagens
O mercado nacional de embalagens teve problemas em atender a demanda que explodiu durante a pandemia, devido à mudança no hábito de consumo da sociedade. Aumentamos nos últimos dois anos as compras online, primeiramente para reduzir os riscos de contaminação por COVID-19, e boa parte da população manterá esse hábito a partir de então, por simples comodidade.
Porém, as perspectivas para 2023, na indústria de embalagens, são de estagnação. Isso poderá ser, em parte, neutralizado por questões macroeconômicas que poderão forçar as famílias a adequar seus orçamentos e rever seus hábitos de consumo, evitando endividamento.
O mercado de embalagens de papelão têm mostrado um desempenho acima do esperado, confirmando a hipótese que havíamos sugerido: se a economia mostrar sinais de vigor, o setor de embalagens poderá ter bom desempenho. O Boletim Estatístico Mensal da Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel) aponta que o Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO) subiu 1,8% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Na série iniciada em 2005, este é o maior volume expedido entre os meses de maio.
5. E o mercado de madeiras sólidas?
O mercado brasileiro de madeira sólidas (serrados, molduras, componentes) viveu meses de ouro durante a pandemia, efeito causado sobretudo pela alta demanda do mercado externo, em especial o norte americano (o número de novas residências e reformas nos Estados Unidos durante os anos de 2020, 2021 e primeiro trimestre de 2022 se manteve alto). Porém, a partir do segundo trimestre deste ano, a situação se inverteu, com a redução das exportações, causadas pela retração das demandas norte-americana e europeia.
Nos últimos meses, o Grupo Index tem discutido bastante esse assunto com clientes e atores do mercado internacional. Naturalmente, não se pode utilizar como régua o momento de mercado vivido em 2020 e 2021. Para 2023, espera-se uma redução na demanda pela madeira sólida brasileira a níveis pré-pandêmicos, redução essa que deverá pressionar para baixo os preços de madeira dos maiores sortimentos, maiores que 18 cm.
Embora esperássemos que a indústria de madeira sólida no país voltasse a níveis pré-pandêmicos em 2023, a primeira metade deste ano demonstrou que talvez tenhamos sido demasiadamente otimistas, pois a produção do segmento reduziu ainda além do que esperávamos. Vamos acompanhar o restante do ano, pois alguns clientes da Arvor Business Advisory têm se mostrado otimistas com a recuperação da economia que destacamos anteriormente.
6. A montanha russa dos painéis de madeira
A situação da indústria de painéis de madeira ao longo de 2022 foi curiosa, sobretudo para o segmento de painéis compensados. Na mesma esteira dos produtos de madeira sólida, o segmento vinha muito bem até o mês de maio, sobretudo graças à demanda do mercado externo.
No segundo trimestre de 2022 o segmento foi impactado com a notícia da finalização das atividades da empresa certificadora do compensado brasileiro para exportação aos Estados Unidos, em decorrência de acordo judicial em ação que contestava a sua qualidade estrutural.
Embora essa situação tenha atingido severamente a indústria em 2022, acreditamos na sua recuperação a partir de 2023, à medida em que novas soluções estão sendo encontradas para a questão da certificação e, além disso, o mercado interno de painéis continuará em alta, a exemplo de 2022.
Repetindo aquilo que já afirmamos sobre as perspectivas para a madeira sólida: 2023 não será um ano excepcional para a indústria de painéis, mas seguramente não será um ano ruim.
Bingo! Conforme havíamos previsto, após a queda acentuada de 2022, a indústria de painéis de madeira mostra recuperação a níveis mais próximos dos anos anteriores à pandemia. Nos cinco primeiros meses de 2023, a média mensal de exportação de compensados de pinus, por exemplo, foi 3% superior ao ano passado e 13% superior a de 2019.
7. E a bioenergia? Quando finalmente chegou a sua vez, acabou a matéria-prima!
A cada período de forte estiagem lembramos que o Brasil não possui uma política energética de longo prazo e voltamos a discutir, muitas vezes de forma atabalhoada, soluções alternativas.
A necessidade de maior diversificação de nossa matriz energética aliada à pressão mundial pela redução na emissão de gases causadores do efeito estufa, reduz a atratividade de alternativas fósseis, como por exemplo, o gás natural. Os projetos para geração de energia com base em fontes renováveis crescerão muito no Brasil nos próximos anos!
O uso de energia da biomassa tem uma participação ainda modesta em nossa matriz: 9% da energia instalada e, cerca de 6% das usinas em construção. Embora o custo de geração da biomassa seja inferior ao custo de geração de usinas solares, por exemplo, entre os novos empreendimentos planejados para o Brasil, 82% são solares e apenas 1,5% são de biomassa, escancarando aquele que é o maior desafio desse tipo de energia: o abastecimento de combustível.
Convém lembrar que a madeira que alimenta as usinas energéticas é a mesma que alimenta um mercado muito maior e mais poderoso: a celulose. Em um momento de mercado altamente aquecido e de preços crescentes, sobra pouca ou nenhuma madeira para geração de energia, situação que irá perdurar em 2023.
Um detalhe ainda a ser destacado em relação à bioenergia, é o efeito da guerra entre Rússia e Ucrânia na demanda por biomassa no Brasil, impactando sobretudo o mercado de pellets, que está em polvorosa! Naturalmente, essa situação não irá durar para sempre, mas o Grupo Index acredita que a demanda e o preço continuarão altos ao longo de 2023.
A Arvor Business Advisory continua trabalhando intensamente para empresas que buscam soluções energéticas baseadas em biomassa florestal. Embora a disponibilidade de matéria-prima seja ainda um desafio, pela alta concorrência com outros segmentos, empresas do ramo de energia e do agronegócio estão enxergando cada vez mais os projetos de biomassa de eucalipto como solução financeiramente atrativa para seus negócios.
8. Falta de madeira: enquanto não vem a solução, teremos mais verticalização!
Durante 2022, vimos diversos de nossos clientes batalhando aguerridamente por ativos florestais que, no passado, pouco seriam interessantes, considerando tamanho, localização, acesso, qualidade da floresta, etc. Até mesmo empresas de base florestal que não possuíam florestas estão optando pela aquisição de ativos e primarização desta atividade, em um movimento contrário ao ocorrido em outros mercados pelo mundo afora.
Diante da estagnação da oferta, a primarização da produção de madeira é vista pelas empresas de base florestal como a única alternativa.
O Grupo Index entende que a primarização não é bem-vinda, pois aumenta os custos de produção e imobiliza capital que poderia estar sendo empregado na atividade fim da empresa. Por isso, estamos trabalhando em uma solução inovadora, a qual será apresentada ao mercado em 2023, e revolucionária a forma pela qual os negócios florestais são realizados!
9. E os pequenos e médios produtores florestais?
Se por um lado tivemos grandes avanços nas áreas de melhoramento, planejamento, gestão e colheita florestal, o modelo de transação de ativos e madeira é o mesmo que sempre foi e não é interessante para pequenos e médios produtores.
O Grupo Index acredita que, embora no curto prazo a concentração de ativos nas mãos de poucas empresas se acentue, em médio prazo, tais empresas necessitarão desmobilizar capital, mas como?
Algumas alternativas já estão sendo utilizadas, como por exemplo, a venda ou sales lease back de ativos para grandes investidores, porém, todas elas são morosas, custosas, com baixa liquidez e excluem o pequeno produtor.
Que tal se a tecnologia permitisse criar um novo modelo de transação de ativos florestais no mercado, que possibilitará a inclusão de pequenos e médios produtores, capitalizar grandes detentores de florestas e, ainda, aumentar a segurança de abastecimento da indústria e colocar o investimento florestal no patamar de investimentos agropecuários? Isso já existe e será apresentado ao mercado em 2023.
10. O que acontecerá com o Grupo Index em 2023?
Hoje, o Grupo Index é composto por 5 empresas, sendo a primeira delas, a CONFAL, a mais antiga empresa de consultoria florestal do Brasil, e a mais nova e, a Arvor Business Advisory, uma empresa inédita no mercado brasileiro, voltada à inteligência de mercado e investment banking florestal.
Mas não paramos por aqui.
O Grupo Index reitera a sua crença em soluções embarcadas de tecnologia para resolver grandes problemas do mercado florestal. Em 2023, conforme mencionado ao longo das previsões anteriores, iremos apresentar ao mercado uma solução inovadora que irá aliviar algumas das principais dores dos executivos florestais no Brasil e no mundo, como a insegurança no abastecimento de matéria-prima, a falta de liquidez no mercado e a exclusão de pequenos e médios produtores.
Essa solução vem sendo trabalhada desde 2021, por um time de especialistas coordenado pelo Grupo Index nas áreas florestal, de mercado, financeira, tecnológica e jurídica. Esse grupo está estruturando a ferramenta que revolucionará o mercado florestal e colocará em circulação bilhões de reais de um ativo que hoje é imobilizado e ilíquido.
Em 2023 o Grupo Index apresentará ao mundo, o futuro do mercado florestal!
O Brasil possui hoje 10 milhões de hectares de florestas plantadas, que representam um ativo imobilizado de mais de 200 bilhões de reais. E se pudéssemos colocar esse ativo para circular na economia, gerando valor à cadeia produtiva, negócios, empregos e oportunidades? É exatamente isso que estamos fazendo, por meio da nova empresa do Grupo, a ForesToken.
Por meio da ForesToken, é possível simplificar as negociações e aumentar a liquidez dos ativos florestais, por meio das novas formas de transações financeiras possibilitadas pela tecnologia blockchain.
A empresa tem como propósito revolucionar o mercado florestal tokenizando florestas plantadas e desburocratizando as negociações em um ambiente seguro e controlado, para assim resolver grandes problemas do setor florestal, como a falta de liquidez, verticalização excessiva, baixa participação de pequenos e médios produtores e redução da oferta de madeira.