O Uruguai há muitos anos chama atenção de investidores internacionais em florestas plantadas. Mas será que o possível Eldorado “verde”, assim como na lenda indígena, não passa de delírio de alguns empreendedores? Buscando desvendar este mistério vamos analisar alguns números e fatos sobre o setor florestal uruguaio.
Com um mercado bastante peculiar em termos florestais, o Uruguai, mesmo com uma extensão territorial pequena (cerca de 48 vezes menor que o Brasil) possui uma área de produção florestal superior a um milhão de hectares, ou seja, 5,7% da área total do país (o Brasil possui menos de 1%). O setor florestal é de grande importância para o país, uma vez que suas exportações representam um quarto do total de bens exportados anualmente.
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A área plantada total do Uruguai é de 950 mil hectares, sendo 758 mil de eucalipto e 192 mil de pinus, com a presença de produtores verticalizados vinculados às indústrias de celulose e serraria, cujos plantios estão localizados principalmente nas regiões oeste e norte do país. Destaca-se também a presença de investidores institucionais (Timber Investment Management Organization – TIMOs), cujos ativos estão localizados principalmente na região nordeste do país.
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O tamanho do país é determinante das características do consumo da matéria-prima florestal, quase que totalmente orientado ao mercado externo, uma vez que a população do país é de apenas 3,5 milhões de pessoas. O principal driver consumidor de madeira de eucalipto no país é o mercado de celulose, com a presença de duas grandes fábricas na região oeste que, juntas, consomem 9,5 milhões de toneladas por ano (cerca de 55% da produção sustentada de eucalipto do país), sendo prevista a construção de uma nova planta de uma delas na região central do país, o que ampliará o consumo de madeira para 17 milhões de toneladas por ano a partir de 2022. Dos 758 mil hectares plantados de eucalipto no país, cerca de 650 mil são atualmente dedicados à produção de celulose.
Além da celulose, o país também possui diversas serrarias nas regiões norte, noroeste e na capital, Montevidéu, as quais consome cerca de 1,4 milhões de metros cúbicos de madeira em tora por ano, tanto pinus quanto eucalipto, além de outros usos menos relevantes.
Segundo Marcelo Schmid, sócio-diretor do Grupo Index, do ponto de visto da atração de novos investimentos florestais, o país oferece condições interessantes, com economia estável e dolarizada, estabilidade institucional e jurídica. A logística do Uruguai é ponto de destaque, sendo o terceiro melhor país da América do Sul no ranking de infraestrutura, com uma densa malha viária (45 km de estradas pavimentadas para cada 1.000 km² de superfície) e o segundo em qualidade dos portos, atrás apenas do Chile, com 8 portos comerciais.
Rodrigo de Almeida, sócio-diretor do Grupo Index, destaca que a ampliação dos investimentos florestais no país possui um grande gargalo, uma vez que a atual produção sustentada de madeira é de cerca de 20 milhões de metros cúbicos por ano, ou seja, bastante superior ao consumo, como ilustra o infográfico abaixo.
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Por outro lado, a nova planta de celulose e o consequente aumento do consumo de eucalipto deu início a uma tendência prejudicial à diversificação do setor florestal do país: a conversão de plantios de pinus e eucalipto manejados para a produção de toras de qualidade, a qual seriam transformadas em produtos de valor agregado, para plantios de eucalipto para abastecimento da indústria de celulose.
Apesar de possuir área disponível para novos projetos, logística favorável e excelente clima para investimento, a expansão do setor florestal uruguaio depende basicamente da atração de novos players industriais, capazes de ampliar e diversificar o consumo de madeira no país.
Diante deste cenário, qual é sua opinião? Os investimentos em florestas plantadas no Uruguai são o Eldorado Verde ou apenas “ouro de tolo”?
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