A União Europeia deverá apresentar ainda este ano uma proposta para exigir que importadores de commodities se certifiquem que as mesmas têm origem em terras que não foram desmatadas ilegalmente após a data de 1º de janeiro de 2021.
A notícia não preocupa e não surpreende o agronegócio brasileiro – uma vez que o assunto vem sendo discutido há bastante tempo e o monitoramento da sustentabilidade das cadeias produtivas já é uma realidade para os grandes exportadores do agro. Porém, além de abranger commodities agrícolas, a discussão na UE envolve também a madeira e, consequentemente, o setor florestal, trazendo à tona a falta de informações da sociedade global sobre a cadeia produtiva da madeira no Brasil.
O Brasil produz madeira a partir de duas fontes: florestas plantadas e florestas naturais, a saber, o manejo florestal sustentável da floresta amazônica (uma vez que o manejo florestal não é permitido na Floresta Atlântica e é pouco significativo em outros biomas). Segundo o IBGE, as florestas plantadas brasileiras produziram no ano passado 143 milhões de metros cúbicos de madeira em tora, enquanto que as florestas nativas produziram 11,3 milhões, ou seja, 13 vezes menos.
Nessa mesma linha, segundo dados da exportação nacional levantados pelo Grupo Index, entre os meses de janeiro e agosto de 2021 o Brasil exportou 300.000 m3 de madeira serrada oriunda de florestas naturais, contra 2,1 milhões de madeira serrada de pinus (7 vezes mais). Isso sem contar diversos outros subprodutos da madeira serrada exportados para todo o mundo, onde a pleno domínio das florestas plantadas.
Segundo o diretor do Grupo Index, Marcelo Schmid, “a grande maioria da produção de madeira brasileira que chega nos mercados internacionais é oriunda de florestas plantadas, e não há sentido em falar que o setor deve se certificar sobre a origem em terras não desmatadas”, conforme exige a União Europeia. “A legislação brasileira já garante essa certificação, e as empresas do setor de florestas plantadas possuem um nível de compliance legal inquestionável”, completa Schmid.
Em relação à madeira exportada oriunda de florestas nativas brasileiras, é importante destacar que a forma pela qual ela é produzida, não se confunde com o desmatamento citado nas discussões da União Europeia. “A madeira nativa brasileira é produzida a partir da floresta amazônica seguindo planos de manejo sustentáveis, devidamente aprovados pelos órgãos competentes, seguindo uma legislação bastante rigorosa”, destaca Marcelo Schmid. “Não existe qualquer relação entre a madeira exportada pelo Brasil e o desmatamento da Amazônia e outros biomas”.